João de Deus
João de Deus Nogueira Ramos nasceu a 8 de Março de 1830 em São Bartolomeu de Messines. Embora os pais fossem comerciantes humildes preocuparam-se com a educação dos filhos.
Aos 19 anos matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Em 1850 escreveu a sua primeira poesia intitulada «A pomba», que dedicou a Maria Cândida, uma rapariga que tinha conhecido em São Brás do Alportel, numa visita que tinha feito ao seu irmão.
Enquanto estudante surgiu-lhe o fascínio pelo desenho à pena, interesse que o acompanhou toda a vida. Fazia especialmente retratos de pessoas que lhe vinham à memória. Desenhava em qualquer pedaço de papel, num canto de jornal... Tocava viola na perfeição e compunha música.
Humilde e afável, rapidamente captou o afecto dos que o rodeavam. Era um conversador maravilhoso, amante das tertúlias, era admirado pelos colegas e conhecido por todos por o “João”. Gostava de ir para o Penedo da Saudade tocar e cantar. Em 1859 termina o curso e decide permanecer em Coimbra. As suas poesias ganharam fama entre o meio académico.
Em 1862 partiu para o Alentejo onde colaborou na redacção dos jornais «O Bejense» (de Beja) e «A Folha do Sul» (de Évora). Era impulsionado pelo desejo de versejar e de levar uma vida desprendida de bens materiais.
Em 1865 decidiu deixar a redacção de «O Bejense» e regressou a São Bartolomeu de Messines. No Algarve encontrou uns velhos amigos que se aperceberam que apesar de João de Deus ser uma pessoa inteligente e culta, vivia de um modo humilde. Pensaram, então, apresentar o seu nome para candidato a deputado por Silves, contrariando assim a sua vontade. João de Deus montou um burro e percorreu as aldeias pedindo que não votassem nele, mas acabou por vir a ser eleito. Como consequência mudou-se para Lisboa em 1868.
Publicou «Flores do Campo». Nesse mesmo período conheceu Guilhermina de Battaglia com quem casou em 1869. Do seu casamento surgiram quatro filhos: Maria Isabel Battaglia Ramos, José do Espírito Santo Battaglia Ramos, João de Deus Ramos Júnior e Clotilde Rafaela Battaglia Ramos.
O seu carácter era tão dócil que falava de igual modo tanto a um homem simples como a um homem importante. A sua fama era tal, que passou a assinar tudo o que escrevia, unicamente por “João de Deus”, o seu nome próprio.
Em 1870 recebeu um convite do senhor Rovere da Casa Rolland para criar um método de leitura adaptado à língua portuguesa e inicia desde logo esse seu novo projecto a que chamará mais tarde Cartilha Maternal ou Arte de Leitura. Mas João de Deus começou a pensar em fazer algo mais pelo povo português. Estava preocupado com a necessidade de chegar a um maior número de pessoas, mesmo aquelas que não iam à escola. Falou com o seu amigo Casimiro Freire e com a sua ajuda monetária e alento psicológico fundou a Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus, em 1882. Começou a dar formação gratuita em sua casa a adultos que iriam trabalhar como professores do Método João de Deus, percorrendo o país em missões de alfabetização.
Em 1893 publicou «Campo de Flores».
No dia do seu 65º aniversário, A 8 de Março de 1895, foi agraciado pelo rei D. Carlos com a condecoração Grã Cruz de Santiago. O rei tomou a iniciativa de ir pessoalmente a sua casa entregá-la.
Morreu a 11 de Janeiro de 1896. Foi feito um grandioso cortejo formado por amigos e gente do povo que o amava profundamente. As autoridades decidiram levá-lo para o Mosteiro dos Jerónimos onde repousou até 1967, data em que o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional.
Adaptação da biografia de João de Deus
in www.joaodeus.com